quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Chover não é a mesma coisa que fazer Sol!


Vitor Baptista

E, ambos os estados são úteis  e complementares. Conseguimos defini-los pelas sensações, pelo estado de espírito que nos proporcionam, pela sua escassez ou pelo seu excesso. Mas são distintos e indissociáveis.
Venho assistindo a uma lenta e progressiva tentativa para seccionar a “nossa ideia” de nos juntarmos de vez em quando, debaixo de um único principio: “Sem pretensões, sem responsabilidades colectivas, mas com a consciência individual de que todas as coisas se fazem, apenas, se cada um se empenhar!”. E,  porque é apenas isto que me move, sinto que é altura de clarificar.

Debaixo deste princípio, totalmente personalista, quem participa,  fá-lo pelo apelo livre da sua consciência, independentemente dos motivos. Criou-se, com esta dinâmica, um movimento de sentido indefinido onde alguns espíritos gostam de “vaguear” e, simultaneamente, uma responsabilidade individual, sem a qual este “espaço” se some. Umas vezes, a coisa corre bem, outras, corre melhor e outras ainda, nem por isso!
É verdade, que deste “quase limbo” já temos descido, em diferentes ocasiões, à terra e conseguimos, fisicamente, dar aquele abraço ao colega de ano que não víamos à muitos anos, ver caras novas em todos os eventos e estar juntos, uma mão cheia de vezes, no último ano.
Já lhe ouvi chamar, “tertúlia lisboeta”, “tertúlia gastronómica lisboeta”, “tertúlia beirã de Lisboa” (...), geralmente com a sigla aavd, antes ou depois do epíteto. Vejo, nestas referencias, um rasgo seccionista, tentando colar a “nossa ideia” à aavd. Voltando ao domínio dos elementos, do sol e da chuva, que são distintos, embora indissociáveis e onde não podemos mudar as sensações individuais apreendidas pois, os gostos variam, temos um pouco de tudo! Eu,  por exemplo, sou membro da aavd e reconheço nas delegações regionais, os seus braços, membros desse corpo, um papel específico em cada região. Isto, para concluir, que a “nossa ideia” não nasceu para ser subsector regionalista de nenhuma outra, nem para ocupar o seu espaço, dissipando-se, depois, nele.
Surgiu, simplesmente, para congregar espíritos “vagabundos” que sentem que "num dia" da sua história comungaram dos mesmos valores, dos mesmos princípios,  dos mesmos códigos de amizade e de Ética e os querem reatar, para os reviver,  para os preservar e para os continuar a transmitir!
Por um motivo ou por outro, há alguns desses espíritos que não se revêem em corpos mais formais, com estruturas rígidas, hierarquizadas e comprometidas. Por isso, vagueiam por aí à espera de um espaço. E, muito mais espaços existem e existirão, para além deste, porque a “nossa ideia”, imperfeita e caótica, não os reune todos, nem tem esse compromisso!
 Sugerir que a “nossa ideia”, porque congrega alguns  desses “espíritos”, é uma excelente ponto de partida para “tomar em mãos as rédeas da aavd” é uma forma de a dissipar. Aceitar o repto significa o afastamento total do principio com que me identifico, formulado no parágrafo segundo  deste escrito e significaria aceitar, que o sol e a chuva, embora diferentes e indissociáveis, são, afinal, o mesmo!

4 comentários:

  1. Chuva e sol dá arco-íris

    Meu caro Vitor Baptista

    Claro que sigo atentamente o que se vai passando no planeta verbita ou em tudo o que gira à volta dele. Sempre o fiz, estando ou não ligado à Direcção da AAVD. Nessa perspectiva, sou também leitor atento do blog "Sabor da Beira", dinamizado por ti e pelo Fernando Carvalho.
    Pelo que me apercebi por alturas do arranque do mesmo, creio que em finais de 2008, ele pretendia congregar, em jantar tertuliano, no último dia dos meses de 31, a rapaziada de Lisboa que outrora terá tido ligações á svd.
    O projecto vingou devido à vossa capacidade de mobilização. A abertura do almoço de Oleiros a participantes de todas as zonas do país teve uma adesão muito significativa, que mais abona sobre a vossa capacidade de mobilização.
    Li o que escreveste no teu blogue, ou seja, que "chover não é a mesma coisa que fazer sol". Só pela leitura do título não ficaria a perceber muito bem a ideia, mas, mastigado o conteúdo, percebi de imediato onde querias chegar.

    Confesso que, no meu blogue , me referi ao vosso grupo como a "tertúlia gastronómica lisboeta". Mas... "tertúlia" e "Lisboa" não são palavras minhas, são do vosso propósito inicial. Ligação à "SVD", também. "Gastronomia" tem a ver com o objecto da tertúlia, ou seja, reunir num jantar, nas últimas sextas-feiras dos meses de 31 dias, os eventuais aderentes a essa iniciativa.
    Quando eu, no final do texto publicado no meu blogue sobre o vosso encontro, digo literalmente:
    "Sem que ninguém me tenha encomendado o recado, eu diria que aqui está um excelente grupo capaz de tomar em mãos as rédeas da próxima futura Direcção da AAVD", não me estava a referir, obviamente, à tertúlia, mas aos dois membros que demonstraram capacidade organizativa e mobilizadora. Tão somente isso.
    Não tentei colar o grupo a nada. Nem pretendi misturar a chuva com o sol. Normalmente isso resulta em arco-íris, o que até seria bonito...
    Mas, para que não haja mal-entendidos, retiro a minha sugestão.

    Quanto ao mais
    um braço

    Armindo Cachada

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  2. Caro Armindo Cachada:

    Aparte o fenómeno gerado, em circunstâncias muito especiais, por estes dois elementos, fico satisfeito pela clarificação que nos é permitido fazer acerca do assunto da AAVD.

    Nunca esteve na mente de nenhum dos que colaborou na organização do evento de Oleiros "contar espingardas" para o que quer que fosse. Bastou-nos a "alegria do encontro" e a diversidade e generosidade dos presentes! É isto que me move!

    Por este motivo, achei estranha a ilação tirada no último parágrafo do texto face aos acontecimentos de Oleiros.

    Quanto à Gastronomia, gostaria de explicar que o objectivo, é juntar um grupo de amigos, que têm algo em comum. Que terminaram um dia de trabalho e que se reúnem-se à hora do jantar.É normal que se juntem em redor da mesa (até é uma imagem simpática).

    Se o objectivo fosse a Gastronomia, escolheríamos Restaurantes bem diferentes, ementas sofisticadas. Mas não, reunimos na Valenciana por unanimidade e comodidade. Um modesto Restaurante de Lisboa, onde somos bem tratados, sem luxos nem mordomias, mas com a generosidade de uma boa e simples cozinha! Importante, é que colocamos as conversas em dia, cantamos, tocamos e "pintamos a macaca", tudo isto pelo preço de uma vulgar refeição. E, ainda, ficamos com vontade de voltar!

    Já Oleiros foi um caso mais Gastronómico mas, mesmo aí, o que é que restou? O Cabrito ou a celebração da amizade?

    Um abraço,
    Vitor Baptista

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  3. Não percebo:  há alguma incompatibilidade entre a AAVD e a tertúlia?

    Acho que o fluir do sentimento e da emoção só é pleno quando a ordem e a parametrização da mente  e do comportamento são mínimas.

    O sucesso do Sabor da Beira e da "tertúlia de Lisboa", no meu entender, está na capacidade do Vitor e do Fernando em dinamizarem o grupo, observando magistralmente estes princípios.

    É isso que tem dado a este grupo uma crescente identidade e sentido de corpo.

    Um abraço

    José Duarte

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  4. Caros amigos,

    Envolvido que sou no "arco-íris" e para que não subsistam dúvidas pelo silêncio (que tem tantas interpretações quantas as que lhe quisermos dar...), subscrevo o texto do Vitor!

    O desafio lançado pelo Armindo Cachada poderia ser levado a sério, situação que não desejávamos, e poderia até ser potencialmente "inibidor" de outras vontades surgirem... Daí a necessidade do esclarecimento!

    Sou associado da AAVD, participo o mais possível nos eventos que organiza e valorizo muito o movimento associativo. Mas, neste momento, não está no meu horizonte, como dizem os políticos, nada mais do que isso...

    Convém, ainda assim, clarificar definitivamemte que a "tertúlia" que integramos não nasce contra a AAVD! Pelo contrário, tem sido até uma oportunidade para angariação de novos associados (não é, amigo Pinto?), o que muito nos satisfaz.

    A tertúlia só é de Lisboa porque aqui se realiza, mas está aberta a todos os que tiverem oportunidade de se lhe juntar com o objectivo de conviver e reencontrar amigos.
    Somos todos "emigrantes" e sabem muito bem estes encontros...

    Até 26 de Março!

    Grande abraço e vamos em frente!

    Fernando Carvalho


    PS: Oh Zé Duarte, adorei a tua frase:

    "Acho que o fluir do sentimento e da emoção só é pleno quando a ordem e a parametrização da mente e do comportamento são mínimas."

    Que bem se escreve por aqui!!!







    afirmar, que o grupo que

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