Quando, por volta dos 11, abandonei a capital dos pinheiros bravos, das estevas, das giestas e... dos calhaus rumo ao SVD de Fátima, ferraram-me com um número que devia figurar em todas as peças de roupa que me acompanhassem e constassem da maleta de cartão que me acompanhou, arrumadinha, no compartimento do “cavalo de ferro”, como lhe chamava o ti’ Júlio, um dos poucos cérebros pensantes existentes no Violeiro. Ainda hoje conservo o 53!
Para mim isso era uma novidade como tantas outras coisas, que as pessoas recebessem um número. Assim, como exigirem um fato para dormir ao qual davam o esquisito nome de pijama (permitam-me: isso é lá nome que se prante a uma peça de roupa tão nobre e composta de duas peças?). A minha mãe sabia lá o que era esse tal pijama e muito menos para que servia. E ela até era costureira.


Porém, a maior humilhação foi quando um dia o prefeito (FG) me chamou ao escritório e depois de me mandar pôr em sentido me apontou o indicador em riste, dizendo: “Minino, caso sério! Você é muito agressivo”. E eu nem sabia o que significava “agressivo”. Lembro, ainda com alguma tristeza, as lágrimas da impotência e a humilhação da cena, mas isto não é nada quando lembro a alegria da leitura a minha maior paixão de pré-adolescente (Salgari e tantos outros autores encheram-me a cabeça de aventuras e a alma e o coração de emoções e alegrias inimagináveis). Jj-a
O meu "ferro" foi o 276, ostentei-o até aos meus tempos de Lisboa... hoje sustento-o, semanas a fio... como número final de lotaria e... não me posso queixar, por ainda o recordar!
ResponderEliminarPois o meu, era o "96". Nunca uma peça da minha roupa veio da D. Isaura no monte de outro colega: não tem qualquer ambiguidade associada à sua leitura em inverso. Sorte que tocou também o "88". (...e, já agora, o "69")
ResponderEliminarAbraço.
N. Marques
Pois, meus caros... sem querer generalizar... as grandes instituições funcionam sempre em bases matemáticas... para elas a literatura é "coisa menor". Bem podiam pegar no alfabeto que tem muito mais letras (que os números de 0 a 9), mas nada: é número é número! Podiam por exemplo "alfabetizar" (numerar não): a, b, c, d,e, f, g... aa, bb, cc, dd, ee, ab, ac, ad... mas nada. Com a vantagem de nem sequer necessitarmos de "contar" pelos dedos das mãos... Um grande abraço para o 276 e para o 96. Jj-a
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