terça-feira, 23 de novembro de 2010

O poder é... mau!

Fareja-se e fareja-nos quando lhe interessamos. É mau na sua essência porque nunca leva ao bem, nem ao bom, nem ao belo: ele divide, discrimina, trata mal, é egoísta, velhaco e só tem olhos para si próprio e para as limitações e defeitos dos outros.
Tem um cheiro especial que atrai os incautos, que pensam que se chegarem a ele o vão usar bem. Simplesmente tal não acontece porque seria dar-lhe e acreditar nas possibilidades que ele não tem.
Apresenta-se sob variados disfarces: riqueza, saber, beleza, disponibilidade, simpatia, palmadinhas, mãos abertas, elogios e muitos outros mas, no final, dá sempre a machadada da prepotência e volta àquilo que é: mau!
Nunca encontrei ninguém que o exercesse ou para ele olhasse com simpatia que passasse incólume à sua atracção e exercício, mesmo os mais virtuosos: mandar, dominar, controlar, indicar, impor... mesmo quando debaixo de uma capa de respeito pelo outro e pela sua opinião... coisa que, verdadeiramente, nunca acontece.
Ele diz e é para ouvir; ele manda e é para obedecer; ele ordena e é para cumprir; ele assinala e é assim mesmo.
Exercê-lo leva sempre ao domínio. A ele cabe sempre a última, a penúltima e a antepenúltima palavra... mesmo que, pelo meio, deixe cair alguns grãos de milho para consolar o burro.
Não há vacina que o previna, remédio que o cure ou mezinha que o apazigue, embora já tenham sido feitas muitas tentativas e sofisticadas experiências. Quem por ele passa (quem o xerce) fenece na grandeza, mingua na humildade, sovina na generosidade, incha no orgulho (ele... e família), arrota na prepotência, baba-se na estupidez e vangloria-se na ignorância.
Não o queiras, não o desejes, não o almejes, mesmo quando se disfarce em serviço! Que é, afinal, a capa mais subtil que veste para se insinuar e tornar apetecível. Jj-a

domingo, 21 de novembro de 2010

QUENTES e BOAS

Pelas escassas adesões que se foram registando no Blog, receava-se que o Magusto de 2010, ficasse aquém da afluência dos três últimos anos, o que se confirmou.
A realização da Cimeira da Nato no Parque das Nações, em Lisboa, teve influência no número de aderentes, devido às restrições ao trânsito em Lisboa, e também à tolerância de ponto na 6ª Feira para a função pública lisboeta, o que proporcionou um fim-de-semana alargado, que quem pode aproveitou para sair da cidade.
As presenças cifraram-se em cerca de metade do ano anterior, pois desta vez apenas estiveram 30 pessoas. Os que foram não sentiram qualquer constrangimento no trânsito, pois haviam poucos carros a circular dentro de Lisboa. Pode-se concluir que foi o receio que inibiu alguns, pois estando inscritos não compareceram.
As castanhas eram gradas e assadas com primor fizeram as delícias dos presentes, que as descascavam num ápice e saboreavam com avidez. Chegavam gradualmente à mesa acabadas de sair do forno, pelo que estavam sempre quentes e estaladiças. Haviam bebidas: sumos, vinho, aguapé e jeropiga! A rematar o cafezinho quente e aguardente medronheira do Moradal, trazida pelo beirão habitual!
Na parte final do convívio, entrou em acção o grande animador José Freire com a sua concertina, sendo acompanhado por um grupo que manejava instrumentos trazidos por ele. O Magusto terminou em apoteose, com todos a entoarem canções.
È caso para dizer: eram poucos, mas bons! Refira-se o impecável serviço dos Delegados: Francisco Jerónimo e Apolinário Mendes. Na pessoa do Reitor da Casa, Pe. Manuel Abreu, agradece-se o bom acolhimento da SVD.

António Pinto




MAGUSTO/2010 – Zona Sul
     Presenças:
Albertino Antunes
Antero Nabais Paulo
António Casimiro Barata
António Lobo da Silva
António Man. Marcos
António Paulos
António Pinto e Olívia
António Reis
António Rui Barata
Apolinário Mendes e Maria
Artur Santos
Daniel Reis
Eduardo Rego
Francisco Barroso
Francisco Jerónimo
Francisco Magueijo e Mª de Jesus
Henrique Barata Nunes
Henrique Neves e 1 amigo
José Carlos Martins e Júlia
José Miguel Teodoro
José Freire
José Magalhães
Pe. Américo Menezes
Pe. José Antunes
Pe. Manuel Abreu
Pe. Manuel Menezes

TOTAL: 30 presenças, sendo 22 AA, 4 Esposas e 4 padres. 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ferraram-me co’ 53


Quando, por volta dos 11, abandonei a capital dos pinheiros bravos, das estevas,  das giestas  e... dos calhaus rumo ao SVD de Fátima, ferraram-me com um número que devia figurar em todas as peças de roupa que me acompanhassem e constassem da maleta de cartão que me acompanhou, arrumadinha, no compartimento do “cavalo de ferro”, como lhe chamava o ti’ Júlio, um dos poucos cérebros pensantes existentes no Violeiro. Ainda hoje conservo o 53!
Para mim isso era uma novidade como tantas outras coisas, que as pessoas recebessem um número. Assim, como exigirem um fato para dormir ao qual davam o esquisito nome de pijama (permitam-me: isso é lá nome que se prante a uma peça de roupa tão nobre e composta de duas peças?). A minha mãe sabia lá o que era esse tal pijama e muito menos para que servia. E ela até era costureira.
Chegado ao destino, depois de uma mudança de linha no Entroncamento, na companhia do meu conterrâneo António Luís (o qual carrega o feliz apelido dos Anjos Santos), que era o 55 lá nos alistámos no batalhão chefiado pelo capitão Francisco Faes e sob cujas ordens e orientações estivémos um ano. Um ano de certo modo pouco interessante, pois além das horas de trabalho o estudo limitava-se à repetição dos conteúdos da 4ª classe. E que capitão era FF: alto até dizer enorme, o que me intrigava bastante, pois os violeirenses devem andar pelo metro e setenta. Claro, como qualquer soldado raso tive que me habituar ao calçado novo, que era muito duro para os meus pés selvagens habituados a pisar, durante anos, directamente o solo, como aliás aconteceu com muita gente da minha geração. Adaptado à vida no quartel (nós até aprendíamos a marchar! Confesso que tinha alguma dificuldade em distinguir a esquerda da direita) continuei o meu trajecto escolar e profissional. Nem tudo foi bom provavelmente... isto porque eu era velhaquito ou velhaco? muito velhaco não era! Lembro uns “biqueiros” do Sousa Grande no campo de futebol, uma sova bem aplicada pelo Avelino Costa, junto das garagens, e outra dada pelo Mário Castro debaixo do carvalho.
Porém, a maior humilhação foi quando um dia o prefeito (FG) me chamou ao escritório e depois de me mandar pôr em sentido me apontou o indicador em riste, dizendo: “Minino, caso sério! Você é muito agressivo”. E eu nem sabia o que significava “agressivo”. Lembro, ainda com alguma tristeza, as lágrimas da impotência e a humilhação  da cena, mas isto não é nada quando lembro a alegria da leitura a minha maior paixão de pré-adolescente (Salgari e tantos outros autores encheram-me a cabeça de aventuras e a alma e o coração de emoções e alegrias inimagináveis). Jj-a

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A minha inteira gratidão

 Julgo estar a ser justo ao dizer-lhes que, quase tudo o que tenho sido na vida como pessoa e muito do que fui como jornalista profissional, o devo à SVD e aos meus professores e colegas no Tortosendo (dois anos) e Fátima (três). E ouso admitir que comungue de semelhantes sentimentos a larga maioria dos antigos alunos, que dali saíram muito mais bem preparados para a vida.
Ainda hei-de averiguar, mas por ora desconheço quantos seremos, exactamente. Um cálculo indicativo e avançado pelo próprio Superior Provincial, P. José Antunes, aponta para cerca de três mil jovens, que terão passado pelos nossos três seminários, desde o primeiro curso no Tortosendo, em 1949, e do qual ainda estão vivos e se recomendam, entre outros, os dois Jerónimos de S. Vicente da Beira (o Francisco e o padre Hipólito), o Serra Duarte e o Apolinário Barrau. Aliás, este excelente quarteto usa ser presença regular nos convívios anuais da AAVD.
Partindo do princípio que apenas meia centena destes milhares de alunos terão emitido votos perpétuos e que foi, fundamentalmente, para formar missionários que os fundadores da SVD portuguesa aqui chegaram, há 60 anos, poderíamos levianamente concluir que o essencial da missão verbita, em solo luso, fracassou. Mas é olhando, justamente, para os milhares que foram chamados mas não escolhidos que eu me sinto na obrigação de aqui formular um voto expresso de gratidão ao Verbo Divino, pelo que a sua presença em Portugal significou para a vida de tantos de nós e para o próprio progresso do País.
É preciso ver que as levas de jovens motivadas pelo padre Lúcio (e outros, nas zonas de Fátima e Guimarães) vinham de zonas rurais e de famílias pobres e cujo mais provável futuro seria o da emigração. Pois, além de lhes terem sido facultadas as ferramentas teóricas e práticas para melhor singrarem cá fora, a SVD educou-os à base de princípios éticos, humanos e solidários que os marcaram indelevelmente.
Nem preciso especificar, ou nomear, as profissões e os profissionais (advogados, juízes, bancários, seguradores, contabilistas, funcionários públicos de toda a ordem, médicos, jornalistas (o meu caso), professores, etc.) de que o Portugal interior e pobre assim beneficiou, graças à competência e ao espírito de missão da SVD. Isto no plano colectivo. Já no individual, o que eu sei é que são raros, raríssimos, os descontentes ou ressabiados, pelos anos vividos intra-portas dos nossos seminários. Até eu que, ao ser despedido no fim do 5º ano, vi frustrada a pretensão juvenil de ir ensinar Latim na Universidade de Nagóia (Japão) ou missionar de «teco-teco» na Papuásia-Nova Guiné (as coisas que os jovens sonham…), ainda hoje, uns 50 anos depois, sinto continuar a ser meu dever repetir: muito obrigado, por me terem feito membro da família verbita, para toda a vida. À Congregação do Verbo Divino, portanto, a minha inteira gratidão.

Daniel Reis

Nota
Este textinho foi publicado, a pedido do David Sampaio, seu Director, na recente edição especial da revista ‘SVD Ao Encontro’, destinada aos actuais alunos verbitas. Como se trata de uma publicação de circulação restrita (600 exemplares) e que, julgo, poucos dos nossos ‘bloggers’ conhecerão, pareceu-me interessante republicá-la aqui, retocada e corrigida na informação estatística de padres e ex-alunos. A quem, porventura, já tenha lido, as minhas desculpas por voltar a chateá-lo. DR     
Juntos à mesa, no recente Encontro do Tortosendo, três integrantes do Curso de 1959. Da esquerda para a direita: Francisco Magueijo, Daniel Reis e Eduardo Moutinho. Também lá estiveram, como é costume e entre outros, Virgílio Domingos e José Freire. Entre Guimarães e Tortosendo, o recrutamento desse ano colhera uma centena de rapazes. E só duas dessas criaturas terminaram o sétimo ano, ninguém se aventurando a percorrer o restante caminho de virtudes, até lá para o 16ºano

Paulo, mestre de sacristia


Este Paulo não foi perseguidor de cristãos e não consta que tenha sido parado numa qualquer viagem para Damasco – o seu trânsito para o Tortosendo foi limpo, directo, sem escalas, meio anónimo, que só mais tarde chegaria à notoriedade, graças a um pé direito em regra muito inspirado no futebol de onze, raro em pesos-pluma como ele.
Em regra alheio às obscuras tarefas defensivas, o filho do senhor Zé V’cente, um dos poucos que, no seminário, usavam chuteiras, jogava do meio-campo para a frente; o pai era dono de uma loja no Sobral do Campo, onde as senhoras da terra e dos arredores se abasteciam de coisas como panos de cozinha, atoalhados e outros adereços de casa, além de roupa de baixo, de homem e senhora. A tia Celeste sempre foi freguesa da loja.
Se alguma coisa fui, como sacristão, ao Paulo o devo: a preparação das hóstias para a comunhão (vinham das Freiras, da Covilhã), a lavagem e o enchimento das galhetas da água e do vinho, acender e apagar as velas dos altares, pôr os livros de missa nos respectivos suportes, a abrir nos sítios certos, ajudar à missa em Latim e em Português, fazer a genuflexão com a elegância e a dignidade adequadas, cuidar das vestes litúrgicas dos senhores padres e ajudá-los no acto de paramentar-se para dizerem missa, a abertura das garrafas do vinho e a sua prova, ou a cor dos paramentos conforme o calendário católico – foi ele, o Paulo, que me ensinou tudo. Também foi por ele que soube do segredo do armário da sacristia.
 Na sacristia pequena, havia um armário com as vestes sacerdotais sem marcas privadas de posse, digamos um guarda-roupa partilhado por todas as suas reverências, apesar das notórias diferenças em altura e envergadura dos protagonistas e da chocante diferença de tamanhos e qualidade das vestimentas, por sinal, sofrivelmente básicas algumas delas, em particular uma casula verde, muito pequena em tamanho e a dar para o feiote.
Já tínhamos suficientes provas dadas, eu e o Zé Neves, o outro sacristão de turno, quando o mestre de sacristia nos passou o segredo do armário. A forma como o recebera dos seus antecessores tinha sido em tudo idêntica, e também na primeira semana do Tempo Comum, que é quando se usa paramentaria de cor verde. Um genuíno sacrista, o Paulo; oiçam-no: “Se o querem ver bravo (referia-se ao padre que se paramentava do lado direito da sacristia, junto à porta), ponham-lhe esta casula. Fica tudo preparado de véspera, não é? Primeiro, a alva, que é a primeira peça que ele veste; por baixo, sucessivamente, a estola, o cordão de pôr à cintura, e, no fundo de tudo, a casula. Ele só dá por ela quando a tiver vestida! Um espectáculo! Da última vez, que foi comigo, só disse: ‘Maldita, esta casula’ e esteve a pontos de a atirar ao chão e pisá-la.” Oficialmente, o acto seria visto como ignorância de principiante; todavia, os dois seminaristas pré-adolescentes sentiam estar perto de viver um momento único. Com a aliciante, apimentada, de ser praticado na pessoa do Padre Prefeito, como uma espécie de sotaina transmontana aplicada aos quase dois metros de estatura do homem dos castigos e das “chapadelas”.
Foi num dia bom, soalheiro, mas ainda não excessivamente quente que a fomos queimar, junto às mimosas, no caminho da vacaria; para lá, fomos em procissão, o Paulo do Sobral levando posta a casula maldita, eu e o Neves a segurar a casula, por trás, quais damas de honor, ele, o nosso mestre de sacristia, numa litania alatinada, nós a acompanhá-lo em esforçada desafinação. Na rua, em todo o perímetro da quinta do Seminário do Tortosendo, só nós os três; os outros, a malta, mais novos e mais velhos, cumpriam as duas horas diárias de estudo obrigatório.
Cumpríamos ordens, nós os três. De manhã, antes das sete, eu e o Neves tínhamos visto o Padre Prefeito, ridiculamente trajado, em transe, numa fúria de todo insuspeitada em pessoa da condição de Sua Reverendíssima. Fui eu que lhe dei a vestir a peça responsável pela crise – a casula verde, singela, quase pobre, que, vestida, lhe chegava apenas um pouco abaixo da cintura; em homem da altura dele, para lhe assentar com a decência mínima, a casula precisaria de ter mais um palmo e meio de comprimento atrás, e outro tanto à frente. No momento em que sentenciou a peça à fogueira, parecia ter vestido um bibe de criança.  
Entre a procissão e o auto-de-fé, andámos lá por fora as duas horas do estudo obrigatório. Finou-se sem glória nem queixas, assistida por três sacripantas, a mal amada peça, vinda porventura no enxoval de um padre mais baixote, ainda por identificar.
As consequências do sacrilégio, se as houve, não sei. Mas, ser sacristão na Casa do Verbo Divino, no Tortosendo, nunca mais foi a mesma coisa.
José Miguel Teodoro

domingo, 14 de novembro de 2010

As Fotos (roubadas) do Tortosendo!

Como tinha prometido, ia roubar umas fotos por aí.... A principal fonte foi o Touny, de seu nome António Madeira Antunes, entre outros. Muitas mais andam por aí, só que o tempo é escasso e as pesquisas no FB roubam muito tempo... com algum atraso, mas com toda a actualidade, aqui vai o que "arrebanhei"!...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Magusto - Delegação Sul AAVD

A A V D
Delegação Regional
Zona Sul

MAGUSTO

Dia: 20 Novembro 2010 (Sábado) – às 15 H

Local: Casa SVD / Lisboa
Rua S. Tomás de Aquino, 15
1600-203 Lisboa – tel. 217 220 200


Caros verbitas:

A Delegação Regional da Zona Sul vem através deste meio convidar todos os Antigos Alunos com seus familiares e amigos para o tradicional Magusto de S. Martinho.

A Delegação encarrega-se de adquirir as castanhas, o vinho e sumos....... Os vinhos de marca, jeropiga, queijo, presunto, enchidos e sobremesas, ficam ao critério e generosidade de cada um de vós.

É uma boa oportunidade para os que ainda não conhecem a casa, e para os outros é sempre bom regressar onde nos recebem bem.

Apela-se a quem tenha um acórdão, viola ou outro instrumento musical, que traga para animar o ambiente. E já agora...traz outro amigo também!

Agradecemos o favor de confirmação das presenças até dia 18 de Novembro (5ª F --22h ou sendo pela Internet até às 24h)

Apolinário Barrau Mendes...... Tel: 213 833 679 e telem: 968 810 314 
Francisco Jerónimo ................. Tel: 214 927 428 e telem: 918 457 977 
José Prata Candeias.................... Tel: 212 122 896 e telem: 968 364 182
Pela Internet………………. pintolivia@sapo.pt
Facebook: Inscreve-te aqui


Para ampliar clica na imagem!

Esperamos por vós e saudações verbitas.
Os Delegados da Zona Sul
Apolinário, Jerónimo e José Prata

domingo, 7 de novembro de 2010

Como se constrói a vida?


Foi ao olhar para ele, o HBA, que tentava fugir da cruz para ir socorrer os prisioneiros de Auschwitz que compreendi que alguma (muita) coisa falhava no nosso cristianismo de momentos e ocasiões. Esta magnífica escultura encontra-se dentro de um santuário em Nova Huta/Cracóvia (Polónia). A tensão que atravessa aquele corpo e a  expressão de dor e desespero chocaram-me e incomodaram-me... e fizeram-me reflectir sobre muitas coisas e formular muitas perguntas, desde a dimensão solidária que o nosso cristianismo há muito secundarizou, passando pelo facilitismo com que argumento em defesa e justificação de muitas omissões, preguiças e insensibilidades.
Este homem/deus, o da cruz, está ali lembrando aos polacos e a outros que por lá passem e o queiram visitar... que não há nada: falta de tempo, falta de meios, falta de saúde, falta de jeito, falta de qualidades, falta de apoios ... que justifique a nossa mediocridade, porque o HBA tinha muito menos e doou-se até à última gota de vida. Construiu uma vida... dando-a e gastando-a.
Daí que, por vezes, dou comigo a pensar e a meditar sobre o que é a vida, porque nos agarramos tanto a ela, e como a vamos construindo de modo a dar-lhe significado e sentido. E vem-me à mente frequentemente o Cristo de Nova Huta e outros cristos pelos quais nutro uma enorme paixão e carinho: o do Estreito/Oleiros (Portugal), o da igreja dos carmelitas Burgos/Espanha e o de José Rodrigues que se encontra na igreja do seminário de Viana do Castelo (Portugal).
Todos sabemos, independentemente do discurso, que esta é a questão da nossa existência. Afinal, para que serve e a quem serve a minha vida? O que faço dela e com ela? E as respostas “públicas” são umas e as “íntimas” são outras... Mas quaisquer delas desafiadoras, porque nunca nos satisfazem como gostaríamos.
Costumo dizer, uma que outra vez, aos meus alunos do 12º ano que uma vida vale a pena se ao olhar para ela descobrirmos que, durante dez breves segundos (eu sei que não são breves nem longos!), ela serviu para fazer, pelo menos uma outra, um pouco mais feliz e que o “haver” dos contabilistas de deus tem isso em conta, por ordem expressa da SS.ma Trindade (não é esse o nome do nosso deus?).
Mas, indo um pouco mais além, diria mesmo que as vidas se constroem vidas sobre três pilares, que são os do verdadeiro seguidor do homem dos braços abertos: misericórdia, compaixão e cordialidade.  Foi isto, por exemplo, que o pai do filho pródigo fez. Não julgou, não repreendeu, não se lamentou... nem sequer lhe deu atenção quando ele – o pródigo -  tentava implorar o seu perdão. Só se alegrou! E, de tão feliz, ofereceu uma grande festa! Que sorte teve o pródigo em não se ter encontrado primeiro com o irmão mais velho. A história, sabemo-lo, pela narrativa, teria sido outra bem diferente... nós, honestamente, andamos muito mais perto do irmão do que do pai... por mais que o disfarcemos. Teríamos, seguramente, um bom raspanete para lhe aplicar e umas exuberantes “trombas” para lhe mostar a alegria experimentada com o seu regresso! Não nos iludamos: uma vida de desculpas, de dedos apontados e de acusações... é uma vida pobre e muito longe da do HBA. A qual, para vários de nós, ainda nos diz alguma coisa... Jj-a

sábado, 6 de novembro de 2010

Tortosendo III

CONCERTOS&BOMBOS

Não renunciando à liberdade que me é concedida por todos e que é expressa nas missivas que me endereçam de "amiúde" (...vá lá... de vez em quando digam qualquer coisa, para não parecer que estou a falar sozinho!), vou continuando a publicar mais algum material recolhido no Tortosendo. Claro que ainda não termina por aqui, a não ser que continuem INDIFERENTES (foi assim que os ratinhos do Pavlov morreram!)... 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tortosendo - II

Concertos & Concertinas I

Mais uma vez a selecção dos textos que me chegam é demasiado trabalhosa, por isso prefiro escrever eu, correndo o risco de os "enjoar"! Mas desta vez é para anunciar alguns recortes de diferentes momentos que animaram a nossa tarde. Animaram é uma forma de dizer, pobre, porque, na verdade, todos participaram, encantaram, cantaram e dançaram... como vão ver daqui para a frente!


Continuam a chegar inúmeros textos sobre o convívio do Tortosendo, para não ferir susceptibilidades, continuo eu a escrever... ouçam!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Tortosendo 2010 (I)

Com a selecção dos textos que me enviaram não tenho tido tempo para mais nada e para não perder mais,  decidi fazer este pequeno textículo para introduzir o início do dia no Tortosendo. Dando uso ao ditado, "ex seminarista que se preze, nunca mais põe os pés numa missa"! Até que foi um belo início de dia e, se houve ausências, não se notaram!

Foi assim que começou o dia no Tortosendo, de resto, como é habitual. Só faltou o livro das músicas "Exultemos" ou o outro mais moderno "Louvemos ao Senhor", mas nada que uma providencial fotocópia não resolvesse. E foi ouvi-los acordar anjos e querubins, causando um tal desassossego às portas de S. Pedro, que resolveu parar com a chuva até que tudo estivesse terminado e, até, talvez, para assistir refastelado a tudo!