Como a colunita Diga o que (lhe) sabe bem é um bocado estreita vou pedir ao Vitor que me deixe responder no espaço nobre. Aqui vai a resposta muito limitada como não poderia deixar de ser, mas nem por isso menos honesta.
Entrei na SVD para ser irmão missionário e é isso que sou. Sou-o com alegria e gozo! É certo que a minha caminhada na SVD não foi muito certinha, mas foi a que foi e se algumas coisas há a lamentar isso não vem agora ao caso. Entrei e mandaram-me repetir a 4ª classe, o que representou uma certa frustração, mas fez-se. Iniciei o liceu no CEF e fui fazer os exames ao Liceu Nacional de Leiria. Com melhor ou pior aproveitamento as coisas foram andando... Terminado o liceu e o noviciado fui mandado para Lisboa estudar Teologia na UCP (houve antes uma não ida para o Brasil, mas deixemo-la de lado). Terminado o curso era tempo de fazer opções, corrigir a guinada clerical e voltar às origens. E foi o que fiz... enquanto alguns irmãos fazem a sua formação profissional e depois pedem para ser ordenados, eu (desculpem a originalidade) fiz o contrário. Depois da formação clerical específica voltei para as bases (o que para alguns foi uma espécie de despromoção, para mim não foi!), o meu lugar natural. E aqui estou... porque o fiz? para além de outras, que não vou mencionar, eu era/sou muito escrupuloso em relação à coerência necessária na vida sacerdotal (penso estar aí uma das causas da falta de vocações e da falta de credibilidade da Igreja nestes tempos, mas não interessa aprofundar isso aqui).
Aquilo que faço não o faço como “bom padre”, que não sou nem quero ser, mas como cristão, ao qual não tenho coragem de acrescentar o “bom”. Nesta linha tenho óptimos antepassados, a começar pelo próprio Cristo, que não foi padre, e por São Francisco de Assis. Foram simples leigos (um judeu e o outro cristão). Na minha província eu sou o único “povo”, visto que não pertenço nem ao clero nem à nobreza. E sou-o com todo o orgulho do mundo. E, socorrendo-me do velho e sábio princípio da subsidariedade, diria que quando dermos espaço real aos leigos nesta igreja, ela será mais humana/mais divina, mais alegre, mais gozosa, mais compassiva, misericordiosa e crística. Até lá... só nos resta caminhar, ainda que devagarinho. Jj-a
Se até hoje já concordava com a postura, coerência e dedicação do Zé Amaro, com este texto...penso que nos abriu muito mais a cabeça, e abriu de novo os caminhos,principalmente, no epílogo total do último parágrafo!
ResponderEliminarTemos é de programar uma celebração para comemorar todos os anos do teu grande sacerdócio na tua "caminhada"! Será digna e justa!
...comemtem, porra...pensamentos e textos destes não nos aparecem em muitas homilias! Sensibilizou-me, especialmente, a postura e coerência! Somos quem somos, e para sermos não necessitamos de rótulos na testa! Um abraço para todos!
ResponderEliminarComentem, porra, este impulso do Madeira Antunes desbloqueou o meu pacifismo. Porra, eu sempre vi o Zé Amaro como um exemplo que devia ser estimado e apreciado. Segui-lo? Ele, o Amaro, é tão particular que só se pode imaitar, toscamente. Segui-lo só à distância. Mas é um óptimo exemplo. O Madeira é também um excelente colega. A ambos, ou a todos um abraço do Artur Leite.
ResponderEliminarAo ler o texto biográfico do Zé veio à minha memória um outro texto seu, ainda fresco, em que sugeria "(...) Deixemos as lamúrias que nos envinagram a vida, abracemos as alegrias que vão surgindo e ajudemos outras a nascer... " (http://sabordabeira.blogspot.com/2010/09/faz-me-bem-felicidade-dos-outros.html). Até é simples... nós é que complicamos.
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