terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Excursão (II)...



Caros amigos, vamos promover o próximo evento em Oleiros, no dia 30 de Janeiro, como já se aperceberam! Vamos começar a dar informações mais concretas sobre o evento à medida que formos reunindo as informação (ementa, transporte, etc.).

Para já, vamos adiantar a (suculenta) ementa e o preço. Apelamos para que iniciem as inscrições, com a finalidade de podermos decidir sobre o tipo de transporte, sem prejuízo da decisão, de cada um, em utilizar transporte próprio:

A melhor solução é o Restaurante "Maria Pinha" (Telm. 965 586 477 - mas chegados a Oleiros, basta perguntar pelo nome do Restaurante "Maria Pinha" - está toda a gente avisada e dará informações!) Tem capacidade para 200 pax, é um espaço recente, com excelentes condições para este tipo de eventos.

A D. Maria, segue, diariamente, através do nosso blog todos os desenvolvimentos, não é fabuloso? Com me dizia o Fernando Carvalho.

Assim propomos a seguinte ementa:
.....................................

Entradas:
  • Pão (broa e trigo)
  • Queijo regional (fresco e curado)
  • Presunto
  • Enchidos regionais

Pratos:
  • Maranho ou Bucho Recheado
  • Cabrito estonado "à moda de Oleiros", acompanhado por batata assada no forno, migas e arroz de miúdos

Sobremesa:
  • Tigelada, Arroz doce, Papas de carolo, Leite creme ou Fruta

Café

Bebidas:

  • Vinho tinto e branco (Herdade de Pias ou Esteva), Águas e Refrigerantes, Licor e Aguardente de Medronho
...................................

Almoço: valor por pessoa é de: € 22,00.
Preço previsível p/ pax de autocarro: entre os €12,00 e os €15,00, dependendo do nº de "viajantes"

Notas Adicionais:
Ora bem, com o Daniel Reis, reputado cronista da nossa tertúlia, já inscrito, a lista irá certamente começar a aumentar!

A logística deste evento (com cobertura jornalística já assegurada!) carece de algum tempo para que tudo seja devidamente organizado.

Seria muito importante que até dia 15 já se tivesse uma informação mais concreta do número de participantes. E é uma oportunidade de juntar amigos de todo o País!!! Mas alguém tem que começar a "encabeçar" a lista para mobilizar outros...

Para quem não possa ir de autocarro e pretenda ficar na noite de sábado informo que há em Oleiros um Parque de Campismo com uns bungalows em madeira fantásticos (e baratos...). É só dizer que poderei dar mais informações!

Para além do almoço está já confirmada a visita à única destilaria de medronho do concelho com produto certificado, onde nos será feita uma apresentação das instalações, de produto e do modo de fabrico.

Poderão fazer visita virtual em:
http://silvapa.com/

Mais uma razão para a viagem!

Além do Tiago Silva, acordeonista e antigo aluno, contamos também com a presença do Paulo Urbano, actual Presidente da Junta de Freguesia do Orvalho e que está a apoiar localmente esta iniciativa.


Acabo de ser informado pelo incansável Fernando Carvalho, que através do Paulo Urbano, temos  confirmada a presença do Presidente da Câmara de Oleiros como anfitrião, o que muito honra a nossa Tertúlia, que já conta com outras presenças que nos enchem de orgulho, são eles, os Pe. José Antunes, Superior da SVD em Portugal e o Pe. José Hipólito Jerónimo, Reitor do Seminário do Tortosendo.

LOCAL DE PARTIDA DE LISBOA - AUTOCARRO
  • Será na Casa do Verbo Divino, que a grande maioria já conhece, aí poderemos deixar os nossos carros e tomar o lugar no autocarro:


    Lisboa - São Domingos de Benfica R São Tomás Aquino , Lisboa1600-203 LISBOA


sábado, 26 de dezembro de 2009

A Excursão (I)...




O Joaquim, vai para uma mês, todos os dias pelas seis, ainda é noite serrada, solta com uma pancada seca o ferrolho da porta do curral e o silêncio, até agora, apenas violado pelo som firme dos seus passos, quebra-se numa corrida de mil pés, num trote abafado, com escorregadelas, com o som do roçar do pelo à passagem da porta estreita, lutando por um lugar no pelotão da frente e por uma lufada de ar fresco. Um bafo quente e um odor forte invadem aquele pedaço de rua estreita, em frente ao curral. Nada que incomode o Joaquim que, de olhar fixo, parecia contar cada uma das rezes que abandonavam o seu refúgio nocturno. Deu uma atenção especial a meia dúzia de rezes que parecia que não iam entrar naquela corrida desenfreada rua  acima. Pachorrentas, esperavam à porta do curral, obedecendo a alguns sons do Joaquim, abafados pela azafama geral. Por fim, lá se decidiu o impasse. Uma boa dezena de cabrititos, frenéticos, sem saberem onde era o seu norte, foram saindo e entrando  no curral, saltitavam, afastavam-se ligeiros, "alegres" e corriam, de novo, para a protecção materna.Tudo sob o olhar atento do Joaquim, que quando deu por finalizada a saída de todos os animais empurrou, com um só golpe, a porta que raspou ruidosamente a laje para se estatelar na aduela, ajustando-se de uma só vez,  produzindo o som seco da madeira a bater, soltando-se o ferrolho sem mais.

A cabeça do rebanho já dobrava a primeira curva, ainda o Joaquim, com um ar intrigado observava as novas rezes, como quem tem que tomar uma decisão para breve. Com o seu leve cajado polido e luzidio do uso, deu um toque na “amarela”, a mais velha das rezes, dois assobios e ala, rua acima, cabras e cabritos irrequietos, com o Joaquim, gorra preta na cabeça, saco da merenda a tiracolo, cajado perpendicular ao tronco, a fechar aquela procissão.

Agora, ainda são uns bons três quartos de hora, até encontrar uma zona de mato fresco, suficiente para alimentar aquelas bocas que tudo devoram. Os cabrititos eram uma dor de cabeça naquelas andanças, ora se afastavam do rumo, ora se chegavam às tetas maternas, ainda secas das mamadas da noite, atraídos pelo cheiro a leite, próprio das cabras acabadas de parir... não paravam e aquietavam as mães, obrigando a vergastadas, certeiras, mais constantes, para lhes acertar o passo e o rumo.

Os últimos muros que delimitavam as propriedades, já ficaram para trás e entrevam nos domínios mais altaneiros, quase virgens, da Serra do Moradal, o objectivo é chegar a um pasto que saciasse tamanho apetite. Não se podia descurar a água, por volta das onze, convinha dar de beber ao gado. Acalma,  com a sensação de saciedade que a água lhes confere.

Por fim, a meio da manhã, o Joaquim decidiu. Ia apartar os cabritos. Já vai sendo tempo. Vai precisar de roçar um molho de mato para deixar aos cabritos na manhã seguinte, vão ficar separados das  mães e vão ter que se habituar a sobreviver por si, forçando-os a uma nova alimentação que lhes conferirá mais robustez e, em função do destino, um sabor inconfundível. Para a semana, já podem acompanhar o resto do rebanho, ganhando consistência e apurando as carnes, mercê de uma alimentação única no mundo, que lhe confere características e paladares, reconhecidos pelos apreciadores mais exigentes.

 Dia 30 de Janeiro já estarão no peso... e na "conta"!

Levantado o véu:
A arte do Cabrito Estonado

Maranhos e cabrito estonado fazem parte da tradição pascal em Oleiros - RTP Noticias, Vídeo


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal - Uma Luz que aquece nas terras frias do Canadá


Clique na imagem para ampliar!

A vela gigante com que vos desejo Bom Natal é feita com as peças de roupa velha que cada um de nós, na comunidade de Santa Cruz, foi convidado a trazer no dia do sacramento do Perdão.

Com este gesto quisemos deixar todas as vestes do desamor para nos vestirmos da graça do Natal que é Deus connosco.

E na noite das nossas vidas surge uma chama de luz.
Santo Natal para todos


Pe. José Maria Cardoso

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Carta do Xico


Em verdade, em verdade vos digo: se tivésseis fé do tamanho de um grão de mostarda poderíeis mover montanhas. Todos sabemos que vem nos Evangelhos. O Capítulo e Versículo, saberão Zé Antunes, o Zé Leitão e outros claro.


A minha perplexidade: a vossa falta de um mínimo de fé. E tudo isto a propósito de quê? Do vosso espanto do Sabordabeira ter conseguido comemorar o seu 1.º aniversário.


É um espanto bacoco, deixem-me que vos diga, para quem teve o privilégio de ter tido uma instrução e uma educação como a nossa, que são em meu entender, os pressupostos básicos para uma vida minimamente equilibrada e feliz, como parece ser a dos convivas do grupo.


Gostava mesmo é que me explicassem porque raio acabaria um projecto como este que só tem razões para o sucesso. A primeira e mais importante, foi definida pelo nosso guru, que também acode por D. Corleone ou mesmo por Vítor Baptista, que todos temos a sorte de ter por amigo e que consta no artigo único em que assenta o Grémio: “sem pretensões, sem responsabilidades colectivas, mas com a consciência individual de que todas as coisas se fazem apenas se cada um se empenhar”.


Há pessoas com este carma (ou será Carmo?) de comunicar aos outros um grande sentido de amizade e de humanidade (aliás já me constou que todos os grandes padrinhos da máfia tinham este dom).


Depois o que é o Sabordabeira? Aí perguntamos ao Daniel. E ele dirá na sua bela prosa poética, como já antes o disse: “… é o sítio da amizade entre beirões de gema”. Não é bem assim, mas desculpas-me, não desculpas Daniel?


E eu tenho uma última pergunta para vós, meus amigos, e como uma sonda a lanço nas vossas almas para lhe conhecer a profundidade: quem numa sociedade consumista, do descartável, do individualismo que gera a indiferença, o mais maligno dos males do nosso tempo, que nos tolhe de lutar por grandes causas ou grandes ideais (cá estou a exagerar, acabei de ouvir na televisão que há imensos gajos a lutar, vejam bem a causa, o casamento entre rabetas. Isto está pior que na Grécia antiga e como me parece uma causa completamente disparatada, vou continuar).


Repito, quem numa sociedade completamente esquizofrénica como a nossa (vejam só um dos exemplos que tenho para vos dar e isto já foi há uns anos. Em frente ao Trabalho do Tó Rui, ou seja, ao Ministério da Educação, um belo dia de manhã ia eu para o trabalho, para o meu claro, que era ali perto e deparo com o quê? Um guarda republicano numa potente BMW, fardado a rigor, botas altas tão bem engraxadas como as dos seminaristas e pasme-se, umas valentes esporas a brilhar. E isto é normal?) não dá tudo por tudo para poder estar no sítio da amizade? No sítio onde se sente uma vibração indelével que nos une, onde se sabe que o que dizemos é entendido, porque de certa forma usamos a mesma linguagem pois que fomos configurados nos mesmos conceitos (como diria o Zé Duarte que é um sábio destas coisas), em suma, um sitio tão convívial, fraternal e acolhedor como outrora foram as tabernas das nossa aldeias para os nossos avós e onde agora como outrora, na celebração, corre também água da vida (que já me deixou quase morto) e que dá pelo nome de medronheira.


E o que mais me agrada em tudo isto é nome: sítio da amizade, que é bem melhor que sitio do pica-pau amarelo. Não acham?

Um abraço

sábado, 5 de dezembro de 2009

Dia de Natal - Por António Gedeão


O meu presépio é igual ao teu?

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?)
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente acotovela, se multiplica em gestos esfuziante,
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
E como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra – louvado seja o Senhor! – o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora já está desperta.
De manhãzinha
salta da cama,
corre à cozinha em pijama.

Ah!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus,
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Silêncio! (Segredo?)



Ando virado do avesso. Todos as semanas me chegam, por correio electrónico, uma mão cheia de artigos de opinião de tirar o fôlego. Realistas, críticos, factuais, mordazes. Vêm de todos os quadrantes! Todos concordam numa coisa, o país está doente e débil. Comparando-o a um fruto com lagartas e bichos que o destroem por dentro em redor do seu coração. Silenciosas, escolhendo, por ora, os órgãos menos vitais que vão permitindo ao país manter uma pele de fruto saudável, com Cimeiras Ibero-Americanas, Tratados de Lisboa, candidaturas a Campeonatos do Mundo de Futebol, tudo cheio de pompa e circunstância, como se a cesta da fruta fosse só de fruta sã e, por isso, coisa para durar muito.


Entretanto, por cá, continuam acontecendo muitas coisas que nos indignam a todos a julgar, novamente, pela quantidade de mensagens que circulam diariamente entre nós, cuja origem e autoria é, invariavelmente, dos mesmos autores. Isso é preocupante! Faz-me lembrar o tempo em que (quase) todos sabiam umas anedotas para contar aos amigos! Agora, poucos as sabem ou se lembram de uma anedota, elas circulam pela net e ninguém lhes liga! Nem paciência há para as ler até ao fim, que é onde, normalmente, está a piada. Isso, ainda me preocupa mais!


Já começo a ver estes artigos de opinião seguir o mesmo destino das anedotas. Realistas, críticos, factuais, mordazes, circulando pela net e pelos Jornais, mas ninguém lhes liga! Depois, continuo a ver as lagartas no seu banquete, serenas, silenciosas, cada vez mais viscosas, famintas de saciedade tão fácil, a aproximarem-se do coração e da pele do pobre fruto, carcomido e com sinais de envelhecimento precoce. E, nós, impávidos e serenos, a passar mensagens de indignação pela net, que terminarão, invariavelmente, no esquecimento e na indiferença da anedota.



Olhamos para o cesto e identificamos, certeiros e silenciosos a fruta podre! É aquela, está ali...


Os senhores que caçam lagartas e que deviam separar os frutos podres, ou em vias de apodrecimento, dos frutos sãos, evitando a sua contaminação, pedem e exigem... silêncio meus senhores, silêncio, silêncio, (...as lagartas não gostam de ser incomodadas?) porque ser houver gritos ou “paulada” (OLHA A LAGARTA! OLHA A LAGARTA!... AGARRA QUE É LAGARTA!... PISA, PISA, QUE É LAGARTA!...) o bicho foge!



É o que dizem os senhores que caçam lagartas!