quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CORREI PASTORINHOS

Caros amigos
Não quero desestabilizar, nem, muito menos, contribuir para que os artigos sérios (ou textículos, como diz o José Amaro) continuem a aparecer e a ser alvo de muitos e interessantes comentários.
No entanto, há alguns dias trás, andava eu a remexer uns papéis antigos e descobri um texto adaptado à canção de Natal "Correi Pastorinhos" que, no início da década de 80, cantámos na Praça Prof. Santos Andrea - Lisboa, onde, então, vivia a comunidade verbita. Já não me lembro se a autoria foi partilhada ou se foi o nosso amigo José Maria Cardoso (hoje sacerdote verbita, em missão numa comunidade do Canadá) que foi o autor. Assim, para conhecimento, aqui deixo o texto:


1. O Pe. Jerónimo
É agora o Provincial
Tem muito falado
E ainda não está mal
Mas vamos lá ver
Se ele é capaz
De se aguentar
O triénio a falar.

2. A crise já chegou
À nossa Província
No orçamento se cortou
Apesar da pedincha
Com tal eficácia
Ainda nos chamam
P´ra gerir o país
E livrá-lo da desgraça.

3. Aceite o conselho
Que eu lhe vou dar
Se está aborrecido
Não sabe o tempo ocupar
Inscreva-se já
Na agência noticiosa
“Comunicados Américo”
E o tempo não chegará.

4. Correi pastorinhos
Correi à Ameixoeira
Que está lá uma casa
Azulejos e sementeira
Mas é intocável
Aquela preciosidade
Por isso continuamos
Engaiolados na cidade.

5. A nossa identidade
Quase ficou comprometida
Com mais uma compra
Nesta Terra Prometida
Temos poucas vocações
Mas a Bíblia está-nos na pele
Somos uma Província
Onde corre mais leite que mel.

6. Se tendes problemas
Com os vossos gaiatos
Não param quietos
Parecem macacos
Mandai-os pró Seminário
Do Tortosendo
E, oh! Que milagre
Uns cordeirinhos se vão fazendo.

7. O nosso Provincial
Com sua diplomacia
Levou os Pe. Scholtz e Haaz
A uma casa muito pia
O estádio da Luz
Viveu momentos sérios
Sem poder desabafar
Diante de tão altos clérigos.

8. A Rússia assustou-se
Com os palavrões
Falados em vernáculo
Por alguns sabichões
Era a 2.ª guerra mundial
Neste desafio
Milagre de Fátima
A Rússia perdeu o Pio.

9.O Pe. Manuel
De Angola nos visitou
P’ra coser uma pele
Uma hérnia que rebentou
Está-se a reabilitar
Num clima de ócio
E Angola vai ficar
Com um Pe. Capadócio.

10. Correi pastorinhos
Vamo-nos embora
Que isto está a aquecer
E podem-nos apertar a gola
Nós não temos medo
Mas devemos ser prudentes
Fechemos a boca
Antes que nos partam os dentes.

Para todos um abraço com os meus votos de um Santo e Feliz Natal.

Tó Rui Barata

3 comentários:

  1. Depois de ler tão belo poema não resisto a um breve comentário. Dá a impressão que o poetastro não estava muito inspirado quanto à forma, mas que o conteúdo é bom não tenho dúvidas! Quem andou pela Santos Andrea não esquece as finas observações do dito cujo. Ele é o silêncio sepulcral cultivado pelo provincial de então, os "comunicados américo" até à última linha da A4, sem esquecer, é claro, o sonho de uma casa "com chão" nem que fosse na Ameixoeira e o célebre Portugal 1 (penalty inexistente assinalado pelo Michel Vautrot) Rússia 0 e o milagre do Pe. Jerónimo em ter conseguido levar os nossos padres Scholz e Haas ao Estádio da Luz ver o referido jogo e a finíssima estrofe sobre a hérnia do pe. Manuel (Abreu ou Meneses?), que, segundo o poetastro, o deixou capadócio. Um abraço ao TR por ter trazido ao SdB este pedaço de boa poesia. Jj-a

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  2. Ao poetastro de que aqui se fala, às vezes dá-lhe uma de poeta... Manda-nos lá umas palavras sentidas e inspiradas... e que nos ajudem a pensar o Natal como tu sabes!

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  3. Se não foi o Zé Maria Cardoso, poderia perfeitamente ter sido: ele melhor que ninguém rapava dum papelucho e, enquanto os cúmplices improvisavam o cenário para o espontâneo espectáculo que teria lugar logo após o jantar na sala da D. Xepa e do fumo (sim, na altura ainda não era pecado fumar), com uma criatividade que combinava circunstânicas da vida na residência e o melhor dos brejeiros trovadores minhotos, escrevinhava o texto que faria o P.e David sorrir ao fundo sem retirar o cachimbo, o Elísio Gama com bonomia abanar a cabeça adivinahndo já o advento do Fim dos Tempos, o Eulálio Figueira e o "Xico Francisco" Magalhães enrolarem-se pelo estômago enquanto sufocavam de riso.

    Abreu, j-a.

    Abraço, em especial ao Tó Rui pela lembrança.

    Nicolau M.

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