sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Carta do Xico


Em verdade, em verdade vos digo: se tivésseis fé do tamanho de um grão de mostarda poderíeis mover montanhas. Todos sabemos que vem nos Evangelhos. O Capítulo e Versículo, saberão Zé Antunes, o Zé Leitão e outros claro.


A minha perplexidade: a vossa falta de um mínimo de fé. E tudo isto a propósito de quê? Do vosso espanto do Sabordabeira ter conseguido comemorar o seu 1.º aniversário.


É um espanto bacoco, deixem-me que vos diga, para quem teve o privilégio de ter tido uma instrução e uma educação como a nossa, que são em meu entender, os pressupostos básicos para uma vida minimamente equilibrada e feliz, como parece ser a dos convivas do grupo.


Gostava mesmo é que me explicassem porque raio acabaria um projecto como este que só tem razões para o sucesso. A primeira e mais importante, foi definida pelo nosso guru, que também acode por D. Corleone ou mesmo por Vítor Baptista, que todos temos a sorte de ter por amigo e que consta no artigo único em que assenta o Grémio: “sem pretensões, sem responsabilidades colectivas, mas com a consciência individual de que todas as coisas se fazem apenas se cada um se empenhar”.


Há pessoas com este carma (ou será Carmo?) de comunicar aos outros um grande sentido de amizade e de humanidade (aliás já me constou que todos os grandes padrinhos da máfia tinham este dom).


Depois o que é o Sabordabeira? Aí perguntamos ao Daniel. E ele dirá na sua bela prosa poética, como já antes o disse: “… é o sítio da amizade entre beirões de gema”. Não é bem assim, mas desculpas-me, não desculpas Daniel?


E eu tenho uma última pergunta para vós, meus amigos, e como uma sonda a lanço nas vossas almas para lhe conhecer a profundidade: quem numa sociedade consumista, do descartável, do individualismo que gera a indiferença, o mais maligno dos males do nosso tempo, que nos tolhe de lutar por grandes causas ou grandes ideais (cá estou a exagerar, acabei de ouvir na televisão que há imensos gajos a lutar, vejam bem a causa, o casamento entre rabetas. Isto está pior que na Grécia antiga e como me parece uma causa completamente disparatada, vou continuar).


Repito, quem numa sociedade completamente esquizofrénica como a nossa (vejam só um dos exemplos que tenho para vos dar e isto já foi há uns anos. Em frente ao Trabalho do Tó Rui, ou seja, ao Ministério da Educação, um belo dia de manhã ia eu para o trabalho, para o meu claro, que era ali perto e deparo com o quê? Um guarda republicano numa potente BMW, fardado a rigor, botas altas tão bem engraxadas como as dos seminaristas e pasme-se, umas valentes esporas a brilhar. E isto é normal?) não dá tudo por tudo para poder estar no sítio da amizade? No sítio onde se sente uma vibração indelével que nos une, onde se sabe que o que dizemos é entendido, porque de certa forma usamos a mesma linguagem pois que fomos configurados nos mesmos conceitos (como diria o Zé Duarte que é um sábio destas coisas), em suma, um sitio tão convívial, fraternal e acolhedor como outrora foram as tabernas das nossa aldeias para os nossos avós e onde agora como outrora, na celebração, corre também água da vida (que já me deixou quase morto) e que dá pelo nome de medronheira.


E o que mais me agrada em tudo isto é nome: sítio da amizade, que é bem melhor que sitio do pica-pau amarelo. Não acham?

Um abraço

5 comentários:

  1. Parece que anda tudo "tolhido" de frio ou, então, numa "fona" de compras! NInguém diz nada, ou quase nada, o Pinto foi um "caso de excepção"!

    Já sei! Está todo com medo de abrir a boca, não vá entrar o H1N1... mas aí o Pinto já deu a solução!

    Mas caro Xico, isto é só a introdução... meu caro amigo, estou a sentir-me numa "camisa de sete VARAS", por enquanto "só cá" está o Manuel Godinho e "só lá" está o Vale e Azevedo! Mas com esta denúncia pública (D. Corleone), agora, começo a sentir a minha "sacra" liberdade ameaçada, porque persinto que, com este andar, tudo o que mexe, morre! Pelo menos, à luz da nossa Douta Justiça, porque o principio parece ser simples, quanto mais "fraco" melhor, para "abater" e mostrar alguns resultados.

    Mas, estou confiante, porque conto convosco!

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  2. Caro Xico,

    Só estranha a tua "mordaz" e eloquente sapiência quem não te ouve, nem que seja apenas de dois em dois meses na enraizada tertulia do "Sabor da Beira".

    É que não sabem o que perdem! E, tb por isso, vale a pena estar presente...

    Um abraço

    Fernando Mateus Carvalho

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  3. Caros Xico e Fernando,

    -Se vale!

    Isto ao vivo tem outro "sabor", como diz o Fernando! Eu subscrevo.

    Mas importa manter viva esta chama e estimular a "veia" literária de todos quantos formam esta tertúlia, ou com ela partilham momentos mais solitários, porque não os exteriorizam passando para o papel/blog o que lhes vai na alma. O Xico, deu um excelente contributo...

    Vês Xico, para que serviam as "esporas nas botas reluzentes do GNR que tinha um BMW"?

    Para picar este "cavalo"! Tem que galopar...

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  4. Estou pasmado e arrebatado com o artigo do "nosso" Xico Barroso. Vocês têm razão, se assim é o que é, ao vivo é... de ouvir e chorar por mais!!! Uma coisa é certa, a partir de agora vou estar atento a todos os GNR que passam de BMW à porta do meu trabalho, porque fiquei com imensa curiosidade de ver se as botas estão devidamente engraxadas e as esporas bem polidas e brilhantes.
    Abraço
    Tó Rui

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  5. O Xico é aquela máquina!...
    Eu apenas acrescento que o grupo existe porque tem e tem vindo a reforçar a matriz identitária que foi iniciada há muitos anos, "adormeceu" durante uns anos e renasceu com o amadurecimento e a libertação dos trabalhos a que a paternidade obriga.
    Pessoalmente revejo-me nos valores que o grupo vive: respeito, liberdade de pensamento, solidariedade, descontracção, sentido de pertença,...
    Definitivamente, este grupo "é uma boa onda...", como diz uma amiga minha.
    Finalmente, Xico, tenho para mim que o mundo em que vivemos não é aquele que vemos e nos rodeia, mas aquele que construímos e sentimos em cada dia que passa.
    Pensar e viver desta forma faz-nos todos os dias mais felizes.
    Um abraço amigo,
    Zé Duarte

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