terça-feira, 5 de outubro de 2010

Heterodoxias

1.Seguramente que ser cristão não é encavalitar pai-nossos e avé-marias uns nos outros, com uns intervalos de glórias-ao-pai. E, embora andássemos muitos anos atrelados a isso (e não é que daí tenha vindo grande mal ao mundo, mas o problema é que também não veio grande bem), pois achávamos que isso é que era ser cristão, hoje, tal não acontece porque nos tornámos orgulhosamente ateus uns; vaidosamente agnósticos outros e preguiçosamente cristãos o restante povo.
2.Então o que é isso de ser cristão? Nada complicado, nada difícil de decorar, nada esotérico... é ter o homem dos braços abertos como ponto de referência na vida: olhar para ele e “ir” com ele. Não é imitá-lo porque tal não é possível, nem desejável. Quando caminhamos cada um “monta” as suas pernas e faz o caminho como pode e sabe, diria de maneira única...
 Ele pediu: “sigam-me! Se quiserem”... E o que é seguir senão olhar e ver alguém que vai à frente? Por vezes somos uns engraminhados e pensamos que as coisas simples não têm valor e que quanto mais complicado melhor. Porém, o simples é que é extremamente difícil de atingir. Aquele homem de Nazaré, o dos braços abertos, apontou um caminho (como proposta e não como uma imposição) e depois disse que quem quisesse ir com ele que o seguisse...  “é por aqui”, disse; “não vai ser fácil”, avisou; “se calhar até perigoso”, alertou; “a decisão é de cada um”, concluiu!
3. E se, em vez de nos lamentarmos tanto, reflectíssemos mais sobre as nossas idiossincrasiazinhas? Sobre as nossas incoerências, invejas, vinganças, ódios, rancores... e outros “nobres” sentimentos de estimação?, se calhar éramos mais cautos no julgar e no dizer e mais serenos e solidários no agir e no condenar. E até mais felizes, porventura. Jj-a

2 comentários:

  1. Dizes bem, j-a (quem sou eu?!...). Contudo, o abandono de alguma ritualidade - a tal que não terá trazido grande bem ao mundo - empobreceu muito a prática e a identidade religiosas. A valorização da dimensão a um tempo intimista, racional e relacional em prejuízo da "forma", terá, creio, alguma responsabilidade na "dispersão das ovelhas".
    Abraço.

    Nicolau Marques

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  2. ...acabo de receber e ler, o último CONTACTO SVD (nº181)! ...uma delícia... "um outro olhar sobre os anos sessenta!" Texto dgno de ser referido e partilhado! Na minha simples opinião, a isto chama-se a coragem de ser, a aptidão para ser e a arte e engenho para o exprimir! É pena que não consigamos ter a mesma opinião de outras pessoas! A atitude do n/ amigo JJ Amaro, não é arquitecturada nem engenheirada, É NATURAL e por isso para mim tem muito mais valor! (além de ter tido o privilégio de ter sido discípulo dele, em Fátima e Lisboa! Para mim é um prazer que ele continue sempre connosco! UM ABRAÇO!

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