Sinopse:
No dia 16 de novembro de 1965, quando o Concílio Vaticano II já se aproximava do
fim, 40 bispos reuniram-se nas catacumbas de Santa Domitila, em Roma, para celebrar a
Eucaristia e assinar um documento em que expressavam o seu compromisso pessoal com
os ideais do Concílio: viver um estilo de vida simples e a exercer o seu ministério pastoral
de acordo com critérios evangélicos. O Pacto das Catacumbas é, sem dúvida, um
compromisso pessoal de cada um daqueles bispos, mas é também, simultaneamente, um
desafio para toda a Igreja e um instrumento para aferir a sua fidelidade ao Evangelho.
Para compreender este gesto é necessário recuar três anos antes, ao momento em que
se constituiu o chamado grupo «Igreja dos pobres», na sequência do apelo radiofónico de
João XXIII: «Perante os países subdesenvolvidos, a Igreja mostra-se como aquilo que ela é
e quer ser: a Igreja de todos e, sobretudo, a Igreja dos pobres» (Mensagem de 11 de setembro
de 1962). Até ao fim do Concílio, o grupo reúne-se quase semanalmente para refletir sobre
o que acontecia nas assembleias plenárias à luz do tema «Igreja dos pobres». E, a algumas
semanas do fim dos trabalhos conciliares, «viveu a dor de ver que os pobres, como sempre,
eram esquecidos» (Bárbara Bucker).
Dessa dor brotou uma proposta de vida pobre entre os pobres, ao estilo de Jesus de
Nazaré: o Pacto das Catacumbas.
«Quando os bispos do Pacto das Catacumbas constatam que os pobres não são o centro de
projetos para o futuro, sentem com dor a separação entre uma Igreja adaptada aos tempos
modernos, mas longe de iniciar a aventura da fraternidade que Jesus começou no meio dos
Título: O PACTO DAS
CATACUMBAS
Subtítulo: A missão dos pobres na Igreja
Coordenadores: Xabier Pikaza | José
Antunes da Silva
Coleção: Igreja no Tempo
Editora: Paulinas Editora
Páginas: 248
Formato: 14x1,7x21
PVP: 15,00€
CB: 5603658174281
ISBN: 9789896734916
1ª Edição: 16 de novembro de 2015
Paulinas Editora
R. Francisco Salgado Zenha, n.º 11
2685-332 Prior Velho
Tel.: 219 405 640 Fax: 219 405 649 Tm: 962 139 055 e-mail: carlos.rito@paulinas.pt
pobres. [...] A modernidade afetou a história da humanidade. A Igreja, porém, teve mais
cuidado em responder aos desafios do mundo moderno do que em dar os sinais do Reino.
Eram tempos de grandes mudanças a nível das ciências e das técnicas, com um extraordinário
desenvolvimento da inteligência no domínio objetivo das coisas. A invasão de carácter
tecnológico levou a uma coisificação do ser humano associada ao esquecimento da ética como
base das relações humanas, desde o dinheiro para a missão até às alianças com o poder
económico» (Bárbara Bucker).
«Na América Latina, os cristãos empenhados na Igreja e na sociedade em perspetiva
libertadora constaram logo que a relevância do Pacto das Catacumbas estava não só no teor de
suas resoluções, como também em sua metáfora. No "regresso às fontes" do Vaticano II, os
signatários do Pacto resgatavam a Igreja perseguida das "catacumbas", mas, ao mesmo tempo,
faziam das catacumbas uma metáfora viva, expressão da Igreja profética, regada pelo sangue
de milhares de mártires, derramado na fidelidade a "uma Igreja pobre e para os pobres, para
ser a Igreja de todos". A exemplo dos primeiros cristãos, que haviam feito das catacumbas
lugar de resistência à perseguição, a Igreja na América Latina, engendrada na tradição
libertadora de Medellín, de forma dramática, logo faria a experiência, na própria carne, que "a
libertação é um ideal não dos vencedores, mas dos vencidos; um movimento de resistência no
exílio" (L. Boff)» (Agenor Brighenti).
«Na carta que escreveu recentemente a todos os consagrados, o papa Francisco diz que
olhar para o passado é também uma maneira de tomar consciência do modo como temos
vivido o nosso carisma através dos tempos, e permite-nos "descobrir incoerências, fruto das
fraquezas humanas, e talvez mesmo qualquer esquecimento de alguns aspetos essenciais do
carisma. Tudo é instrutivo, tornando-se simultaneamente apelo à conversão". Francisco sonha
com uma Igreja pobre ao serviço dos pobres e apresenta os pobres como a chave
hermenêutica para compreender a missão da Igreja. Se a Igreja se esquecer dos pobres perde
credibilidade e os critérios-chave de sua autenticidade e autoridade» (José A. da Silva).
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