terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Silêncio! (Segredo?)



Ando virado do avesso. Todos as semanas me chegam, por correio electrónico, uma mão cheia de artigos de opinião de tirar o fôlego. Realistas, críticos, factuais, mordazes. Vêm de todos os quadrantes! Todos concordam numa coisa, o país está doente e débil. Comparando-o a um fruto com lagartas e bichos que o destroem por dentro em redor do seu coração. Silenciosas, escolhendo, por ora, os órgãos menos vitais que vão permitindo ao país manter uma pele de fruto saudável, com Cimeiras Ibero-Americanas, Tratados de Lisboa, candidaturas a Campeonatos do Mundo de Futebol, tudo cheio de pompa e circunstância, como se a cesta da fruta fosse só de fruta sã e, por isso, coisa para durar muito.


Entretanto, por cá, continuam acontecendo muitas coisas que nos indignam a todos a julgar, novamente, pela quantidade de mensagens que circulam diariamente entre nós, cuja origem e autoria é, invariavelmente, dos mesmos autores. Isso é preocupante! Faz-me lembrar o tempo em que (quase) todos sabiam umas anedotas para contar aos amigos! Agora, poucos as sabem ou se lembram de uma anedota, elas circulam pela net e ninguém lhes liga! Nem paciência há para as ler até ao fim, que é onde, normalmente, está a piada. Isso, ainda me preocupa mais!


Já começo a ver estes artigos de opinião seguir o mesmo destino das anedotas. Realistas, críticos, factuais, mordazes, circulando pela net e pelos Jornais, mas ninguém lhes liga! Depois, continuo a ver as lagartas no seu banquete, serenas, silenciosas, cada vez mais viscosas, famintas de saciedade tão fácil, a aproximarem-se do coração e da pele do pobre fruto, carcomido e com sinais de envelhecimento precoce. E, nós, impávidos e serenos, a passar mensagens de indignação pela net, que terminarão, invariavelmente, no esquecimento e na indiferença da anedota.



Olhamos para o cesto e identificamos, certeiros e silenciosos a fruta podre! É aquela, está ali...


Os senhores que caçam lagartas e que deviam separar os frutos podres, ou em vias de apodrecimento, dos frutos sãos, evitando a sua contaminação, pedem e exigem... silêncio meus senhores, silêncio, silêncio, (...as lagartas não gostam de ser incomodadas?) porque ser houver gritos ou “paulada” (OLHA A LAGARTA! OLHA A LAGARTA!... AGARRA QUE É LAGARTA!... PISA, PISA, QUE É LAGARTA!...) o bicho foge!



É o que dizem os senhores que caçam lagartas!





2 comentários:

  1. Olá, tudo bem?

    Um link para esta matéria me chegou no meu blogue, não sei se foi você quem postou, mas estava lá, e esse é o fato...

    Olha, não é que li e gostei? Acho que você fala do cotidiano de Portugal, não? Mesmo assim, não somos muito diferentes aqui no Brasil, nem certamente na América Latina, ou nos EUA, no Canadá ou em qualquer parte do mundo. As opiniões proliferaram, mas o número de desinformados é cada vez maior, enquanto o material não lido aumenta cada dia mais, sendo relegado, como dizia Marx, à "crítica roedora dos ratos"... Em resumo, estamos saturados de informação que geralmente não presta.

    Sei lá, provavelmente muito poucas pessoas me leem. Mas o importante é que eu tenho um publicozinho frequente, já. E fiel. E também, como dizia nosso falecido apresentador Chacrinha, "Quem não se comunica, se estrumbica", não é mesmo? Sonhar não custa nada... hehehehehehe Ou "A esperança é a última que morre", como diz um ditado nosso.

    Muita sorte e paz para você! Abraços!

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  2. Obrigado pela visita Érick e pelo seu comentário.

    É verdade, os ratos tudo devoram e dasaparecem sem deixar rasto, aqui, no Brasil ou na China. Pior é o rasto devastador e contaminado da sua passagem.

    Um abraço!

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